terça-feira, 25 de agosto de 2009

Inflama-me, Senhor!

Tudo estava muito bem ontem à noite. Como de costume, estava em meu momento de adoração, na capela do Santíssimo da Matriz de Santo Antão, durante a celebração do domingo à noite.

Sem me aperceber, embarquei numa viagem impressionante, que em mim teve poder de restauração. Estava sentado no chão, de frente pro sacrário, na parte de dentro da grade. De olhos fechados, visualizei um local totalmente sombrio, talvez eu nunca tenha visto nada tão escuro nesta terra. Eu não conseguia enxergar nada em torno a mim, era assustador, apavorante.
Ao olhar para cima, percebi que o céu ardia em chamas, como uma fogueira que se consome. Era um fogo que estava em constante dança, um movimento que lembrava as tempestades solares captadas por nossos telescópios mais potentes. Era um único fogo: imenso. Tomava todo o céu, logo abaixo, a mais profunda escuridão. Aquele fogo me trazia um conforto inestimável, uma paz nunca antes sentida que me impulsionava a querer subir.
De repente uma pequena centelha pousou sobre mim, tomando todo o meu corpo rapidamente. Eu estava queimando por inteiro. A partir desse momento eu não via apenas em primeira pessoa, mas como se eu fosse parte daquela grande chama que estava acima de mim, me via tudo do alto, em terceira pessoa.
Percebi então que eu estava lá embaixo no meio da escuridão me consumindo por inteiro. Era uma chama em forma humana, um ponto de luz infinitamente pequeno no meio das trevas, mas que aos poucos começava a clarear o caminho onde estava trilhando.
Como alguém que coloca as mãos a frente do corpo para perceber algum obstáculo no escuro, percebi que de minhas mãos saiam fagulhas capazes de incendiar outras pessoas. Foi então que pude ver que não estava sozinho naquele lugar. Muitas outras pessoas estavam estáticas naquela escuridão. Aos poucos os meus olhos foram se acostumando com o brilho que saia de mim, e pus-me a andar.
À medida que eu ia passando, incendiava aquelas pessoas que estavam próximas a mim. A chama logo se espalhou, e um corredor de fogo foi criado no meio das trevas. Éramos nós que nos consumíamos, brilhando em meio às trevas, mas com um brilho infinitamente menor do que aquele que podíamos avistar no céu.
Tentei seguir adiante naquele corredor, mas fui impulsionado a olhar atrás, e vi que algumas criaturas escuras sugavam as chamas daqueles que eu havia inflamado a ponto de voltarem totalmente às trevas. Eu precisava fazer alguma coisa, precisava voltar. Mas o que fazer com uma luz tão pequena no meio daquela escuridão, qualquer coisa parecia um nada.
Mais uma vez uma centelha caiu sobre mim, não mais como um pingo de chuva, mas como um cordão que me unia ao céu. Tomado por uma força maior, me joguei contra as pessoas que ainda estavam se consumindo no corredor, e formamos um único fogo, interligado aos céus através de um cordão de fogo.
Nesse momento, tudo que era trevas foi dissipado. Como numa explosão nuclear, não enxergava nada além da claridade. Um brilho intenso que ofuscava totalmente a visão.
Aos poucos, os olhos foram se acostumando, à medida que o brilho diminuía, e eu voltava a enxergar. Foi então que fui percebendo a beleza do lugar onde eu estava. Muitas árvores, flores das mais diversas formas e cores, a grama muito bem aparada, uma linda cachoeira cujas águas corriam suave entre as pedras.
Haviam muitas pessoas naquele lugar. Todas elas tinham um brilho especial na face. Suas roupas eram tão alvas que não posso comparar com nenhuma das cores que conhecemos aqui. No céu, minha atenção voltou-se para o Sol que nos iluminava e aquecia, de um brilho tão intenso, estava com aparência de eclipse, onde uma mancha escura o sustentava. Aos poucos pude perceber que a mancha era um grande trono onde Deus estava assentado.
Ver-te enfim face a face! Não, eu não consegui. O brilho que emanava d’Ele me impedia de contemplá-lo, mas a presença envolvia-me numa felicidade indescritível, eu não conseguia mais pensar em nada a não ser n’Aquele que me fazia brilhar.
Como num despertar, fui trazido de volta a mim pelos Ministros da Eucaristia, que chegavam ao Sacrário para buscar as âmbulas para a comunhão. Ainda meio desorientado sem acreditar no que tinha visto, levantei-me dali e fui comungar.
Não sei se foi um sonho, se foi uma visão ou se realmente estive naquele lugar. Agora não cabe a mim julgar se foi real a fantástica experiência que vivi domingo a noite. No mais, só lembro da frase que Kayo me disse ao me encontrar no calçadão após a celebração: - Daniel? Que alegria é essa? Você está brilhando!

4 comentários:

  1. eu te agradeço por todas as vezes em q vc foi luz de Deus para iluminar as trevas q me circundavam, obg meu amigo, obg instrumento de Deus e da Sua luz na minha vida!
    Q vc brilhe mais e mais nEle, por Ele e com Ele! CTR!

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  2. meu querido,acho que o nome disso não é ficção não viu?!
    Isso tem nome e se chama graça,graça essa proveniente de uma sintonia quase perfeita com Ele!
    Quando Ele decide irradiar a Sua luz através de alguém e quando ela brilha total e inteiramente por Ele,tudo se torna claro e luzente ao redor do que Ele escolheu para ser reflexo,iluminando assim os que estão ao seu lado,os que passam por você,todos os seus!
    Até conseguir, através de você iluminar nações inteiras!Porque quanto maior for o número de luzes dEle,maior será o poder sobre a escuridão.

    -e que seja assim, que o brilho dEle passe por você e chegue a tantos que vivem na escuridão.
    nEle,até o fim!
    ;*

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  3. Complexo e viajado viu...

    Acredito que você não conseguio escrever como realmente foi... Essas esperiências são tão INTIMAS que só a PROPRIA FONTE dos PENSAMENTOS pode talvez, lhe ajudar a compreender...

    Meu irmão, você relmente esteve nesse lugar; E sempre vai encontrala-lo; todas as vezes que tentar atravessar ou fortalecer sua PONTE...

    Forte Abraço!

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