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terça-feira, 14 de janeiro de 2014
Santo Antão: Testemunho que arrasta
Nos desertos do Egito e da Síria, nos
século III e IV, o mundo viu desenvolver um novo estilo de vida cristã e
caminho de santidade: a vida monástica. Homens e mulheres deixam o convívio
familiar e comunitário para viverem sozinhos com Cristo e imitá-lo
perfeitamente. Santo Antão praticou a vida ascética por quase vinte anos, não
saindo nunca e sendo raramente visto por outros. Não demora muito e homens e
mulheres o procuram como pai espiritual para guiá-los.
Eis
o que nos diz Santo Atanásio em sua obra “Vida de Santo Antão”:
“Por ele o Senhor curou muitos dos presentes que tinham enfermidades
corporais, e a outros libertou de espíritos impuros. Concedeu também a Antão o
encanto no falar; e assim confortou a muitos em suas penas e reconciliou a
outros que brigavam. Exortou a todos a nada preferir neste mundo ao amor de
Cristo. E quando em seu discurso exortou-os a pensar nos bens futuros e na
bondade demonstrada a nós por Deus, "que não poupou seu próprio Filho mas
o entregou por todos nós" (Rm 8,32), induziu muitos a abraçar a vida
monástica. E assim apareceram celas monásticas na montanha, e o deserto se
povoou de monges que abandonavam os seus e se inscreviam como cidadãos do céu
(cf Hb 3,20; 12,23). (...) Por meio de constantes conferências inflamava o
ardor dos que já eram monges e incitava muitos outros ao amor à vida ascética;
e logo, na medida em que sua mensagem arrastava homens após ele, o número de
celas monásticas multiplicava-se, e era para todos como pai e guia”.
Como pai espiritual
desses novos monges, que depois seriam também pais e mães do deserto, Antão
ensinava o caminho da virtude através da renúncia que fizeram em deixar tudo.
Ele ensinava que o que abandonaram não é nada comparável ao que receberiam no
Céu. Além disso, instruía sobre as verdadeiras coisas que deveriam possuir para
prosseguir nesta jornada:
“Do que nos serve possuir o que não podemos levar conosco? Por que não
possuir antes aquelas coisas que podemos levar conosco: prudência, justiça,
temperança, fortaleza, entendimento, caridade, amor aos pobres, fé em Cristo,
humildade, hospitalidade? Uma vez possuindo-as, veremos que elas vão diante de
nós, preparando-nos as boas-vindas na terra dos mansos”. (Santo Antão)
Hoje, também somos chamados a testemunhar nossa fé
como cristãos. Ser sal da terra e luz do mundo é se expor, se comprometer com o
evangelho, amadurecer na fé e se tornar referência para aqueles que começam a
caminhar com Deus. Santo Antão passou por todo esse itinerário desde seu sim
até ser pai espiritual de outros monges. Que a seu exemplo, não tenhamos medo
de encontrarmos nosso caminho de santificação, lutando, sendo tentado, caindo,
levantando, amadurecendo... só assim seremos verdadeiras testemunhas do
Ressuscitado, anunciando com a nossa vida as maravilhas do infinito amor de
Deus por nós.
Daniel Neri Brandão, sdb
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Jesus e os Cobradores de Impostos
1. História dos Impostos
Nos tempos de Saul, primeiro rei de Israel, a estrutura fiscal parece muito embrionária porque se tem a impressão de que o rei se contentava com a renda de suas terras e com a parte que lhe cabia nos despojos da guerra, assim como com os dons voluntariamente oferecidos pelos que se beneficiavam de seu apoio ou faziam questão de prestar-lhe homenagem (cf. 1 Sam 10, 27; 16,20).

Com Davi, que apresentava já um aparato de soberano oriental, com conselheiros e ministros, funcionários e comensais, estado-maior e mercenários, sem falar do harém, a coisa mudou por cauda das grandes despesas que semelhante corte acarretava (cf. 2Sam 8, 16ss; 20, 23ss; 1Crôn 18, 12ss); assim, apesar das vitórias guerreiras que lhe valiam muita riqueza (saques e despojos, presentes e tributos), tornava-se necessária uma arrecadação regular e regulamentada de impostos; tanto assim que muitos acham que aquele recenseamento do povo que Davi mandou fazer (cf 2 Sam 24) não visava somente o alistamento militar, mas tinha também por objetivo uma arrecadação de impostos.
Já com Salomão a coisa ficou mais organizada, e o país foi dividido em distritos que, cada um por sua vez e sob a direção de doze intendentes, ficavam encarregados de prover às despesas da corte, cada um durante um mês (cf 1 Rs 4, 7ss; 4, 27); além disso estrangeiros e israelitas estavam obrigados a determinadas tarefas e foi graças a isso que Salomão conseguiu fazer todas as construções que o enalteceram; ainda, além dos múltiplos e ricos presentes que recebia continuamente, eram as rendas de suas propriedades, o monopólio sobre certa espécie de comércio e os direitos de passagem que exigia das caravanas para atravessarem o país, que lhe asseguravam o dinheiro que seu fasto exigia sem parar. E foi tudo isso que pareceu ser um dos motivos do grande cisma que se consumou depois da morte de Salomão.
Ao longo da história de Israel e de Judá, embora dispondo de poucas informações pelos textos bíblicos, sabe-se suficientemente para poder-se afirmar que havia uma organização tanto em Israel quanto em Judá, para a recepção dos impostos internos e dos tributos que povos estrangeiros dominados tinham de pagar; os impostos internos eram agravados quando o país atravessava fases difíceis, quando por exemplo Manaém ou Jehoiakin tiveram de saldar seus compromissos de tributo respectivamente aos assírios e ao Faraó Nelao (cf 2 Rs 15, 20; 23, 35).
Para o período depois do exílio de Babilônia, a Judéia teve de pagar taxas tributárias aos soberanos persas (cf Esd 4, 13; Ne 5,4), aos do Egito ou aos da Síria, de acordo com a sucessão das respectivas dominações. E foi sobretudo sob o reinado de Herodes Magno que os encargos financeiros dos judeus se tornaram pesadíssimos.
Sob a autoridade romana o regime fiscal ao qual a Palestina ficou submetida abrangia duas espécies de impostos: o imposto direto e o imposto indireto (cf. Rm 13, 6-7), que veremos mais detalhadamente mais adiante.
Além de os impostos serem uma excelente fonte de renda, a isenção ou redução deles ainda servia como manobra política, usada como “premiação” por bom comportamento do povo, como afirma Flávio Josefo: “A isenção do tributo era um procedimento frequentemente utilizado, que permitia ao imperador demonstrar seu reconhecimento a uma população fiel”. – Eis um exemplo histórico: “faziam parte da etnarquia de Arquelau a Iduméia, a Judéia inteira e a Samaria, esta última obtendo uma recompensa de não ter participado da insurreição contra as outras”.
2 – Os impostos pagos pelo povo
A Palestina sofria com um sistema de impostos verdadeiramente opressor. Pagar imposto, no mundo antigo, significava reconhecer quem cobrava como seu senhor; pagar o tributo a César era aceitar que os estrangeiros romanos tivessem direito de explorar a população da Palestina. Esta questão criava conflitos entre as elites que se beneficiavam cobrando imposto do povo e os que se recusavam a pagar. Os fariseus defendiam teoricamente a Lei de Moisés que proibia entregar tributo aos estrangeiros, mas na realidade recomendavam ao povo que pagasse (Lc 11, 22-44).
O imposto direto era bastante pesado e cobrado pelos agentes do fisco imperial, atingia os proprietários do solo e os possessores de alguma fortuna mobiliária. O tributum Sali ou agri era o imposto sobre a terra, a ser pago, parte em dinheiro, parte em produtos. Cerca de 1/4 da colheita era recolhida logo que vendida e transformada em moeda. (a este propósito os fariseus fizeram a célebre pergunta a Jesus: cf Mt 22, 17; Mc 12, 14 e Lc 20,22).
Quanto aos impostos indiretos, o publicum era o que incidia sobre a compra e a venda de qualquer produto, mesmo sendo de primeira necessidade. Essa taxa havia sido imposta pelos romanos, sendo cobrada na importação ou exportação, nas divisas territoriais. O pedágio era cobrado sobre os transportes nas entradas e saídas de determinadas circunscrições alfandegárias, cobrados em diversos lugares: pontes, encruzilhadas, entradas de certas cidades. (cf Mt 9, 9; Lc 19, 2).
Os romanos ainda cobravam a corvéia, imposto para alimentar as tropas. Havia também o debário ou tributum capitis (imposto pago por cabeça), ou seja, pagava-se imposto simplesmente por existir. Este era igual para todo o mundo, do qual só as crianças e os idosos eram dispensados. O valor era de um denário por pessoa.
Além dos impostos profanos ou civis, havia ainda os impostos religiosos, pois independentemente dos dízimos prescritos pela Lei, desde a época pós-exílica, cada israelita, domiciliado ou não em Jerusalém, devia anualmente desobrigar-se do imposto do Templo destinado a assegurar as despesas do culto público e a manutenção do santuário: “Joás disse aos sacerdotes: ‘Todo o dinheiro das oferendas sagradas que fr trazido ao Templo de Iaweh, o dinheiro das taxas pessoais e todo o dinheiro oferecido espontaneamente ao Templo de Iaweh, recebam-no os sacerdotes, cada qual da mão dos seus conhecidos, e o empreguem no Templo, para fazer as restaurações necessárias’”. (I Rs 12, 5)
A moeda Tíria era a moeda do Templo, isto é, era o valor pago ao Templo devido à quantia que devia ser reservada, prescrita na Tora (cf Ex 30, 12-13). Esse imposto pago ao Templo em moeda tíria (tetradracma ou estatere) era também utilizado para as transações comerciais sendo que, uma moeda estrangeira era trocada por moeda do santuário.
Os impostos judaicos, para o Templo, eram de três tipos:
a) Dracma: Pago por cabeça. Essa taxa uniforme era da metade de um ciclo e, mais tarde, nos tempos de Jesus, era de duas dracmas (cf Mt 17, 24); devia ser paga, em Jerusalém, no mês de Adar (12º mês do calendário israelita pós-exílico, equivalente aos nossos meses de janeiro-fevereiro); e o dinheiro recolhido nas diversas comunidades judaicas do mundo inteiro era enviado de bom grado, e representava a solidariedade do povo judeu; mas para a cobrança destas não intervinham os publicanos.
b) Primícias: Todo primeiro fruto da terra ou do animal era entregue no Templo, ao sumo sacerdote. E até mesmo todo filho que nascesse tinha de ser entregue simbolicamente ao Templo, através de um animal. Os ricos entregavam camelos ou bodes; os pobres, um par de pombinhas. Quando Jesus foi apresentado ao Templo, José levava um par de pombas para ser entregue no lugar da criança.
c) Dízimo: Dez por cento (10%) da produção vai para as mãos do sumo sacerdote, da classe sacerdotal do Templo. E não havia um só dízimo, havia três ou quatro tipos: Daí percebemos o quanto era profundamente explorado o povo no tempo de Jesus.
3 - Jesus e os Impostos
Qual seria a opinião de Jesus sobre os impostos? Tomemos o texto de São Mateus, capítulo 22, versículos de 15 a 22: “Quando eles partiram, os fariseus fizeram um conselho para tramar como apanhá-lo por alguma palavra. E lhe enviaram seus discípulos, juntamente com os herodianos, para lhe dizerem: ‘Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não dás preferência a ninguém, pois não consideras um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar impostos a César, ou não?’ Jesus, porém, percebendo a sua malícia, disse: ‘Hipócritas! Por que me pondes à prova? Mostrai-me a moeda do imposto’. Apresentaram-lhe um denário. Disse ele: ‘De quem é esta imagem e a inscrição?’ Responderam: ‘De César’. Então lhes disse: ‘Devolvei o que é de César a César, e o que é de Deus a Deus’. Ao ouvirem isso ficaram maravilhados e, deixando-o, foram-se embora”.
domingo, 14 de agosto de 2011
Vale a pena sonhar
Não abra mão dos seus sonhos!
Era uma manhã de sábado enquanto caminhava pelo vilarejo do litoral baiano, uma paisagem, entre tantas, me chamou atenção: uma casinha com alpendres, varandas e muitas flores nativas, daquelas bem simples, que nascem e crescem sem exigir cuidados, com cores diversas e vibrantes, beleza simples e original.
A casa parecia bem planejada. Tinha detalhes de bom gosto, sinais de delicadeza. Deduzi que se o dono estava assim tão disposto a se desfazer dela, certamente seus sonhos teriam se perdido no tempo.
Já faz alguns anos que vivi este fato, mas até hoje penso no assunto. Dizem que sonhos não envelhecem, eu concordo. Aliás os sonhos nos mantêm vivos. "Quem deixou de sonhar já parou de viver...", diz o poeta.
Bom, se pudesse teria me arriscado a dizer ao proprietário daquela casa: "Não desista dos seus sonhos!". Ou diria ainda para ter calma antes de abrir mão de tudo. Na hora das decisões é sempre prudente ponderar entre o sentimento e a razão. Onde estarão os motivos que o levaram a construir uma casa tão bonita?
E quanto a você que agora lê meus escritos de um fim de tarde: Por onde andam seus sonhos? Quer falar sobre isso? Pode ser que, por algum motivo, também tenha colocado uma "placa de venda" neles, abrindo mão deles. Ou pode ser também que não tenha se desfeito da "casinha", mas vive nela por viver... Por alguma razão, tenha perdido o entusiasmo e o encanto pela vida. Neste caso, o pior é que todas as vezes em que pensa nos detalhes de seus sonhos é como se tocasse em feridas da alma, o coração aperta e dói. Eu sei, não é fácil, mas é possível superar esse sentimento, com a graça de Deus! Eu sou testemunha disso.
Vou mais além: será que nos "vilarejos" de sua história há algum sinal de desistência? Pensar em seus sonhos de criança lhe causa alegria ou tristeza? Seja como for, convido-o a valorizar seus sonhos. Eles são seus e isso os torna preciosos, exclusivos e muito valiosos.
É certo que existem sonhos em nossa vida que, por diversas circunstâncias, não foram nem serão realizados. Aí precisamos encontrar em Deus uma maneira de enfrentar a realidade sem nos deixar contagiar pela decepção. Uma maneira de lidar com situações assim é fazer, por exemplo, a leitura dos acontecimentos valorizando o que existe de bom em nossa história, de forma a permitir que Deus cure o que sobrou da dor.
Recordo-me de um sonho que tinha quando era crainça. Por admirar a relação dos meus pais e sabendo que eles sempre foram pobres, pensava em fazer uma festa bonita na comemoração dos seus cinquenta anos de casados. So que isso não aconteceu. Quando faltavam apenas dois anos para o acontecimento o meu pai faleceu. Lembro-me de que quando voltamos do velório, fomos rever algumas fotos e minha mãe mostrou-me uma que eu havia guardado para fazer o convite das bodas, ela sabia desse meu desejo e partilhou comigo, em lágrimas, a sua dor. Senti naquela hora que não seria possível realizar o sonho que eu havia alimentado havia tanto tempo e a dor da perda do meu pai se misturava com mais essa perda. Pode parecer uma coisa simples, mas para quem a vive não o é.
No meu caso, precisei entregar a situação a Jesus e pedir-Lhe várias vezes que curasse meu coração, pois todas as vezes em que ouvia falar em "bodas de ouro" sentia tristeza e lembrava meu sonho desfeito. Hoje graças a Deus, já superei isso. Deus foi mostrando-me as inúmeras graças de ter uma família como tenho e a presença do meu pai por tanto tempo em meio a nós. E fez-me perceber que muito mais valia isso do que fazer uma festa bonita sem ter o que realmente celebrar. Lembro-me ainda de muitos outros sonhos de criança, alguns que ainda busco realizar, outros que já realizei e sou grata. Por exemplo, eu sonhava, desde pequena, em me casar às 18 horas e entrar na igreja ao som da Ave-Maria com um buquê de flores e um terço na mão, seria uma homenagem a Nossa Senhora. Casei no ano passado e Deus providenciou tudo para que fosse assim e foi lindo!
Quando vejo as fotos e penso naquele dia fico contente por ter realizado mais um sonho, e por aí vai... A vida segue seu rumo e precisamos seguir o nosso também. Certamente na sua vida não é diferente, imagino que você possua sonhos que já tenha conseguido realizar e outros, não. Mas se entre os sonhos que não realizamos existem tantos outros que conseguimos realizar, por que pararmos na dor?
Por outro lado, quando falamos de sonhos possíveis de realizar, é preciso acreditar e lutar por eles com tudo que temos, sem desistir até o último instante. Por isso, hoje, não permita que situações ou pessoas roubem sua vontade de sonhar. Jesus Cristo foi um grande sonhador. Ele sempre falou de sonhos e nunca deixou de encarar Sua realidade humana e divina. Seu exemplo e Sua vitória nos contagiam e nos chamam a segui-Lo confiantes, buscando a cada dia fazermos a nossa parte. Sonhos não viram realidade num toque de mágica, a alegria da vitória passa pela luta de cada dia. Coragem!
Talvez, hoje, seja um ótimo dia para você voltar aos "vilarejos" de sua história, tirar as "placas" que denunciam desistência e voltar a sonhar, tomar posse do que já é seu. Não abra mão dos seus sonhos!
Se você não realizou seus sonhos, entregue-os a Deus, não deixe que a lembrança deles lhe roube a alegria. E os que foram realizados, considere-os como sinais de que é possível ir mais longe quando acreditamos e não paramos nas barreiras. Elas existem para ser superadas.
Estamos juntos! Rezo por você. Seus sonhos podem se tornar realidade se você acreditar. Vale a pena sonhar!
Fonte Cancaonova
domingo, 3 de julho de 2011
A hermenêutica da Bíblia Sagrada

A palavra 'hermenêutica' vem do verbo 'hermenêuein' (interpretar). E esta interpretação foi entendida diversamente através dos tempos. Por isso, temos três tipos de exegese: l. rabínica; 2. protestante; 3. católica.
2. Exegese Rabínica
Os judeus interpretavam a escritura ao pé da letra, por causa da noção de inspiração que tinham. Se uma palavra não tinha sentido perceptível imediatamente, eles usavam artifícios intelectuais, para lhes dar um sentido, porque todas as palavras da Bíblia tinham que ter uma explicação. O exemplo do paralítico é antológico: ele passara 38 anos doente. Por que 38? Ora, 40 é um número perfeito, usado várias vezes na vida de Cristo (antes da ressurreição, no jejum) ou também no AT (deserto, Sinai). Dois é outro número perfeito, porque os mandamentos (vontade) de Deus se resumem em "2": amar Deus e ao próximo. Portanto, tirando um número perfeito de outro, isto é, tirando 2 de 40 deve dar um número imperfeito (38) que é número de doença...
Alegoria pura: neste sentido se entende a condenação de certas teorias que apareceram e eram contrárias à Bíblia (caso de Galileu). Assim era a exegese antiga. No século XVIII, o racionalismo fez o extremo oposto desta doutrina: negaram tudo que tinha alguma aspecto de sobrenatural e mistério, e procuravam explicações naturais para os fatos incompreensíveis, assim por exemplo, dizendo que Cristo hipnotizava os ouvintes e os iludia dizendo que era milagre. JC não ressuscitou, mas ele apenas havia desmaiado na cruz, e quando tornou a si saiu do sepulcro... Talvez não o fizessem por maldade. Era por principio filosófico.
A Igreja primitiva herdou muito do rabinismo, no início, mas depois se libertou. Começaram por ver na Bíblia vários sentidos: literal, pleno e acomodatício. Literal: sentido inerente ás palavras, expressão pura e simples da idéia do autor; Pleno: fundado no literal, mas que tem um aprofundamento talvez nem previsto pelo autor. Deus pode ter colocado em certas palavras um significado mais profundo que o autor não percebeu, mas que depois se descobre. Deus, como autor, fez assim. A palavra do profeta se refere a uma situação histórica; a palavra de Deus se refere ao futuro. Acomodatício: é a acomodação a um sentido à parte que combina com as palavras. É a Bíblia aplicada à realidade apenas pela coincidência dos textos. Por exemplo, em Mt se lê "do Egito chamei meu filho"... para que se cumprisse a Escritura. Mas o sentido, ou seja, a aplicação original deste trecho não se referia à volta da Sagrada Família, mas sim à saída do Povo do Egito. Esta acomodação foi explorada demasiadamente pelos pregadores, que até abusaram disto. Outro exemplo de acomodação é a aplicação a Maria dos textos do livro da Sabedoria. Estes são mais literatura que Escritura. Todavia, crendo-se na inspiração, aceita-se que as palavras do autor podem ter uma significação mais profunda que a original.
3. Exegese Protestante
Surgiu do protesto de alguns cristãos contra a autoridade da Igreja como intérprete fiel da Bíblia. Lutero instituiu o princípio da "scritura sola" (traduzindo, a escritura sozinha), sem tradição, sem autoridade, sem outra prova que não a própria Bíblia. A partir daquele instante, os Protestantes se dedicaram a um estudo mais acentuado e profundo da Bíblia, antecipando-se mesmo aos católicos. Mas o princípio posto por Lutero contribuiu para um desastre hermenêutico, pois ele mesmo disse que cada um interpretasse a Bíblia como entendesse, isto é, como o Espirito Santo o iluminasse.
Isto fez surgir várias correntes de interpretação, que podem se resumir em duas: a conservadora e a racionalista. A conservadora parte daquele principio da inspiração = ditado, em que se consideram até os pontos massoréticos como inspirados. Não se deve aplicar qualquer método cientifico para entender o que está escrito. É só ler e, do modo que Deus quiser, se compreende. A racionalista foi influenciada pelo iluminismo e começou a negar os milagres. Daí passou à negação de certos fatos, como os referentes a Abraão. Afirmam que as narrações descritas, como provam o vocabulário, os costumes, são coisas de uma época posterior, atribuído àquela por ignorância. Esta, teoria teve muito sucesso e começaram a surgir várias 'vidas' de Jesus em que ele era apresentado como um pregador popular, frustrado, fracassado...
Outros ainda interpretavam o Cristianismo dentro da lógica hegeliana: São Paulo, entusiasmado, teria feito uma doutrina, que atribuiu a JC (tese); depois São João, com seu Evangelho constituiu a antítese; finalmente São Marcos fez a síntese. Hoje, porém, se sabe que Marcos é o mais antigo. Estes intérpretes se contradizem entre si, o que provocou uma certa desconfiança. Por fim, a própria arqueologia, em auxílio do Cristianismo, veio provar com a descoberta de vários documentos históricos que a Bíblia tinha razão: aqueles costumes, aquele vocabulário eram realmente daquela época, inclusive o uso dos nomes Abraão, Isaac também eram comuns no tempo. Isto e outras coisas serviram para desmentir tais idéias iluministas.
4. Exegese Católica
Inicialmente, apegou-se muito aos métodos tradicionais: usava mais a tradição e menos a Bíblia. Mesmo no século XIX, a tendência era ainda conservar a apologética, a defesa da fé. Foi o Padre Lagrange quem iniciou o movimento de restauração da exegese católica. Começou a comentar o AT com base na critica histórica. Mas foi alvo tantos protestos que não teve coragem de continuar. Em seguida, comentou o NT, e ainda hoje é autoridade no assunto. A Igreja Católica custou muito a perceber o seu atraso no estudo bíblico, e até bem pouco tempo ainda afirmava ser Moisés o autor do Pentateuco, quando os protestantes há mais de um século já descobriram que não.
O primeiro passo da nova exegese da Igreja Católica foi dado por Pio XII, em 1943, com a encíclica DIVINO AFFLANTE SPIRITU, na qual aprovou a teoria dos vários gêneros literários da Bíblia. Depois, em 1964, Paulo VI aprovou um estudo de uma comissão bíblica a respeito da história das formas (formgeschichte). E hoje em dia, tanto os exegetas católicos como os protestantes são a favor desta, e qualquer livro sério sobre o assunto traz este aspecto. Protestantes citam católicos e vice versa, sem nenhuma restrição.
A confiabilidade histórica dos Evangelhos
Introdução

Eles - os ateus - que se consideram homens da ciência, será que basearam suas objeções em constatações resultantes de um minuncioso estudo acadêmico ou simplismente conjecturaram com base na sua filosofia materialista-naturalista?
Será que os 4 Evangelhos passariam por uma análise crítica da Academia? O que será que a Academia tem a dizer sobre a confiabilidade histórica dos Santos Evangelhos?
1a. Análise: A Verificação da Autoria dos Evangelhos
A verificação de se os Evangelhos foram escritos por testemunhas oculares é muito importante para a análise de sua da confiabilidade histórica. O testemunho ocular, geralmente é determinante e persuasivo. O ponto máximo de um julgamento será o instante em que a testemunha apontar o réu com autor do crime na sala do tribunal. Poderá isso ser o bastante para condenar o réu à prisão, ou ainda coisa pior. Até mesmos os sistemas jurídicos mais antigos utilizaram testemunhas oculares para finalizar um caso, tal é a o grau de importância de sua palavra para atestar a verdade.
Os 4 Evangelhos são comumente conhecidos como autoria de Mateus, Marcos, Lucas e João. Mas será que alguém não teria algum motivo para mentir e atribuir a autoria dos Evangelhos àquelas pessoas, quando na verdade não o fizeram? Na opinião do estudioso Craig L. Blomberg (1) isso é pouquíssimo provável por se tratar de pessoas bem singulares. "Marcos e Lucas nem sequer pertenciam ao grupo dos 12. Mateus sim, mas era odiado porque fora coletor de impostos; portanto, depois de Judas Iscariotes (que traiu Jesus!), seria ele a figura mais abominável. Compare isso com o que aconteceu quando os fantasiosos evangelhos apócrifos foram escritos muito tempo depois. As pessoas atribuíram sua autoria a personagens conhecidos e exemplares: Filipe, Pedro, Maria Madalena e Tiago. Esses nomes tinham muito mais prestígio que os de Mateus, Marcos e Lucas. (...) não háveria por que conferir a autoria a esses três indivíduos menos respeitáveis se não fossem de fato os verdadeiros autores." (2)
E o que dizer sobre o Evangelho de João? Ora, João era um dos 12 e era um dos três apóstolos mais íntimos de Jesus. "O mais interessante é que o evangelho de João é o único sobre o qual paira uma certa dúvida quanto à autoria. (...) Não há dúvida quanto ao nome do autor: era João mesmo. A questão é que não se sabe se foi João, o apóstolo, ou se foi outro. Segundo o testemunho de um escritor cristão chamado Pápias , em aproximadamente 125 d.C., havia João, o apóstolo, e João, o ancião, mas o contexto não deixa claro se ele se referia a uma única pessoa de duas perspectivas distintas ou a pessoas diferentes. Fora essa exceção, todos os demais testemunhos afirmam unanimemente que foi João, o apóstolo, o filho de Zebedeu, quem escreveu o evangelho." (3).
É importante notar que os Evangelhos na verdade são anônimos. Ora, se assim são, como é que lhes foi atribuída alguma autoria? A autoria dos Evangelhos foi transmitida ao longo do tempo através da Tradição da Igreja Católica. São testemunhos tão antigos, que remontam o tempo em que ainda estavam vivas pessoas que conheceram os Evangelistas, ou apóstolos. Qual é a importância disto? Ora, se fosse a autoria dos Evangelhos fosse falsamente atribuída a Mateus, Marcos, Lucas e João, as pessoas que viveram entre eles contestariam tal coisa. No entanto, não há qualquer registro sobre tal fato, pelo contrário, autoria dos Evangelhos nunca foi questão de disputa entre os primeiros cristãos.
O testemunho mais antigo e portanto o mais significativo é do Pápias. Vejamos:
Sobre o Evangelho de Mateus: "Mateus reuniu, de forma ordenada, na língua hebraica, as sentenças [de Jesus] e cada um as interpretava conforme sua capacidade". (Pápias de Hierápolis, Fragmentos. Séc. II).
Sobre o Evangelho de Marcos: "O presbítero também dizia o seguinte: 'Marcos, intérprete de Pedro, fielmente escreveu - embora de forma desordenada - tudo o que recordava sobre as palavras e atos do Senhor. De fato, ele não tinha escutado o Senhor, nem o seguido. Mas, como já dissemos, mais tarde seguiu a Pedro, que o instruía conforme o necessário, mas não compondo um relato ordenado das sentenças do Senhor. Portanto, Marcos em momento algum errou ao escrever as coisas conforme recordava. Sua preocupação era apenas uma: não omitir nada do que havia ouvido, nem falsificar o que transmitia'". (Pápias de Hierápolis, Fragmentos. Séc. II).
Santo Ireneu de Lião, no final do séc II também pôe por escrito o testemunho dos antigos quanto à autoria dos Evangelhos:
"Mateus, no entanto, publicou entre os hebreus em sua própria língua um Evangelho escrito, enquanto Pedro e Paulo anunciavam a boa nova em Roma e lançavam os fundamentos da Igreja. Mas, após a morte deles, Marcos, discípulo e intérprete de Pedro, transmitiu-nos por escrito igualmente o que Pedro pregara. Lucas, porém, companheiro de Paulo, deixou num livro o Evangelho pregado por este último. Enfim, João, o discípulo que reclinou sobre o peito do Senhor [cf. Jô 13,25. 21,20], publicou também ele um evangelho, enquanto residia em Éfeso, na Ásia" (Contra as Heresias, séc II)
Por tanto temos aqui o testemunho de Pápias (que foi discípulo pessoal de São João e companheiro de São Policarpo outro discípulo pessoal de São João) e de Santo Ireneu, que fora discípulo pessoal de São Policarpo. Os estudiosos consideram seus testemunhos muito confiáveis devido à proximidade que possuíam com a era apostólica.
(1) Craig L. Blomberg, Ph. D. Condiserado uma das maiores autoridades sobre as biografias de Jesus nos EUA. Doutor em Novo Testamento pela Aberdeeen University, Escócia, tornando-se posteriormente pesquisador sênior da Tyndale House, na Universidade de Cambridge, Inglaterra. Leciona Novo Testamento no seminário de Denver. Autor dos livros "Jesus and the gospels: interpreting the parables"; "How wide the divide?"; "Jesus under fire" entre outros. É membro da Sociedade para Estudo do Novo Testamento, da Sociedade de Literatura Bíblica e do Instituto de Pesquisas Bíblicas.
(2) Lee Strobel, Em defesa de Cristo, pg. 28. Editora Vida, 2001. Tradução de Antivan Guimarães Mendes.
(3) Lee Strobel, Em defesa de Cristo, pg. 29. Editora Vida, 2001. Tradução de Antivan Guimarães Mendes.
2a. Análise: A Integridade das Informações Constantes nos Evangelhos
Será que as informações contantes nos Evangelhos foram preservadas de modo seguro até serem colocadas por escrito?
Sabemos agora que os Evangelhos procedem direta ou indiretamente do testemunho ocular. Mas será que as informaçoes que eles contêm foram preservadas de modo confiável até que fossem postas por escrito anos mais tarde?
Essa é mais uma das objeções de não cristãos em relação à confiabilidade histórica dos Evangelhos. Um exemplo desta objeção está na obra "A history of God", da ex-freira Karen Armstong:
"Sabemos muito pouco sobre Jesus. O primeiro relato mais abrangente sobre sua vida aparece no evangelho segundo São Marcus, que só foi escrito por volta do ano 70, cerca de 40 anos depois de sua morte. Àquela altura, os fatos históricos achavam-se misturados a elementos míticos que expressavam o significado que Jesus havia adquirido para seus seguidores. É esse signficado, basicamente, que o evangelista nos apresenta, e não uma descrição direta e confiável" (1)
Em poucas palavras, para a senhora Armstong os Evangelhos foram escritos muito tempo depois da ocorrência dos acontecimentos, o que levou-os a terem sua redação contaminada por lendas que se desenvolveram durante esse período. Se repararmos bem, há dois pontos a serem tratados nesta objeção: a data da redação dos evangelhos e o segundo é se eles foram contaminados por lendas.
a) A data da redação dos Evangelhos
As datas estabelecidas no meio acadêmico, mesmo nos círculos mais liberais, situam Marcos nos anos da década de 70, Mateus e Lucas na década de 80, e João na década de 90 (2). Há estudiosos como o já mensionado Dr. Craig Blomberg que defendem uma data mais recente para os Evangelhos. Segundo ele: "Atos termina, aparentemente, sem um conclusão. Paulo é a personagem principal do livro, e se encontra preso em Roma. É assim, abruptamente, que o livro acaba. O que acontece com Paulo? Atos não nos diz, provavelmente porque o livro foi escrito antes da morte dele. (...) Isso significa que o livro de Atos não pode ser posterior a 62. d.C. Assim, podemos recuar a partir desse ponto. Uma vez que Atos é o segundo tomo de um volume duplo, sabemos que o primeiro tomo - o evangelho de Lucas - deve ter sido escrito antes dessa data. E ja que Lucas inclui parte do evangelho de Marcos, isto significa que Marcos é ainda mais antigo. Se trabalharmos com a margem aproximada de um ano para cada um, chegaremos à conclusão de que Marcus foi escrito por volta de 60 d.C., talvez até mesmo em fins da década de 50. Se Jesus foi morto em 30 ou 33 d.C., temos aí um intervalo de, no máximo, 30 anos aproximadamente."(2)
Nestas datas ainda viviam testemunhas oculares da vida de Jesus, tanto aquelas que gostavam Dele, quanto àquelas que lhe foram hostis. E estas últimas serviriam de parâmetro de contestação caso houvesse nos Evangelhos algo estranho à vida de Jesus. Pouca gente sabe mas as duas biografias mais antigas sobre Alexandre, o Grande, foram escritas por Ariano e Plutarco depois de mais de 400 anos de sua morte, ocorrida em 323 a. C. E no entanto, os historiadores as consideram muito confiáveis. Se compararmos estes dados com as datas aceitas pela Academia em relação aos Evangelhos, podemos afirmar que os Evangelhos são notícia de última hora.
b) Hove tempo para que os Evangelhos tivessem sido contaminados por lendas?
Neste intervalo de 30, ou -no pior das hipóteses- 40 anos entre os acontecimentos e a redação dos Evangelhos, será que foi possível o surgimento de lendas acerca de Jesus? Novamente retomando o caso de Alexandre, o Grande, todo material considerado lendário sobre ele só apareceu após as duas biografias antes mencionadas. Isso significa que por 500 anos a história de Alexandre ficou intacta.
Podemos ainda comparar os Evangelhos com outras literaturas. Por exemplo, embora as Gathas de Zoroastro, que datam de 1000 a.C. sejam consideradas autências pela maioria dos estudiosos, grande parte de suas escrituras do zoroatrismo só foram postas por escrito no séc. III d.C. A biografia pársi mais popular de Zoroastro foi escrita em 1278 d.C. Buda que viveu no séc VI a.C., só teve sua doutrina e vida registrados no séc. I d.C. E ainda, as palavras de Mamoé foram registradas no Alcorão entre 570 e 632 d.C., mas sua biografia só foi escrita em 767, mais de um séc. depois de sua morte. Não é sem motivo que diante destas informações da Academia, o Dr. Edwin M. Yamauchi (um dos mais conceituados especialistas sobre história antiga da atualidade) declara: "O fato é que temos uma documentação histórica de melhor qualidade sobre Jesus do que sobre o fundador de qualquer outra religião." (4).
Há ainda aqueles que afirmam que os evangelistas fantasiaram os relatos sobre a vida de Jesus fazendo empréstimos de lendas. Por exemplo, acusam os evangelistas de basearem os milagres e ressurreição de Jesus na biografia do fabuloso Apolônio. Segundo esta biografia, Apolônio de Tiana, foi um homem que viveu no séc. I, que teria curado pessoas e exorcizado demônios, ressussitado uma jovem dentre os mortos, e ainda que teria aparecido a alguns de seus seguidores depois de ter morrido. Impressionante não a semelhança com Jesus não?
Filostrato redigiu a biografia de Apolônio a mais de um século e meio depois da sua morte, enquanto os Evangelhos foram escritos por pessoas contemporâneas de Jesus, e num intervalo de tempo pelo menos 3 vezes menor. Os relatos sobre os milagres de Jesus e sua ressureição são corroborados por diversas fontes como os escritos do Apóstolo Paulo (que datam entre 35 a 40 d.C, por tanto anteriores aos Evangelhos), Flávio Josefo (historiador Judeu do séc. I) , o Talmude (obra que compila toda a doutrina judaica, não nega os milagres de Jesus, no entanto atriubuia tais práticas à magia.) entre outros. No caso de Apolônio, nenhuma outra fonte corrobora seus relatos.
Filostrato foi incubido pela imperatriz XXX de escrever uma biografia para dedicar um templo a Apolônio. Ora, ela era seguidora de Apolônio, assim Filostrato teria um motivo financeiro para embelezar a história. O que não ocorre no caso dos Evangelhos. Os evangelistas não tinham nada a ganhar e sim muito a perder, por causa da perseguissão movida por judeus e Roma. Filostrato escreveu a biografia de Apolônio no início do séc. III, na Capadócia, onde o Cristianismo já estava bem estabelecido. Por tanto, se houve algum empréstimo, foi da parte de Filostrato e não dos evangelistas.
É com consenso entre os especialistas em histórias antigas que no mundo antigo as lendas não surgiam do dia para a noite, era preciso pelo menos um intervalo de 200 a 300 anos para que uma lenda se formasse e se estabelecesse. Isso isenta os Evangelhos de terem sido contaminados por lendas qualquer tipo de lenda.
Conclusão
Num tribunal o depoimento de uma testemunha é sempre colocado em prova, através da verificação de sua capacidade de ver o que acontecera, é questionada a sua precisão e relatar fatos, procuram achar inconsistências nos testemunhos e procuram levantar dúvidas sobre o caráter das testemunhas. A identificação de qualquer uma destas inconsistências leva qualquer depoimento ao descrédito. Os avanços nas descobertas arqueológicas confirmam a exatidão dos relatos evangélicos em relação a lugares e pessoas históricas (5). Interessante notar como as objeções levantadas principalmente por ateus - que se acham os homens da ciência - não sobrevivem por uma análise crítica da Academia.
(1) Armstrong, A history of God. p. 79
(2) Paul Barnett. Is the New Testament history? Ann Arbor, Vine, 1986. Craig Blomberg. The historical reliability of the gospels. Downers Grove, InterVarsity, 1987. F. F. Bruce. Merece confiança o Novo Testamento? 2. ed. Trad. Waldyr Carvalho Luz. São Paulo, Vida Nova, 1990.
(3) Lee Strobel, Em defesa de Cristo. pg 43. Editora Vida, 2001. Tradução de Antivan Guimarães Mendes.
(4) Lee Strobel, Em defesa de Cristo. pg 112. Editora Vida, 2001. Tradução de Antivan Guimarães Mendes.
(5) Jack Finegan. The Archaeology of the New Testament. Princeton, Princeton Univ. Press. 1992. John McRay. Archaeology and the New Testament. Grand Rapids, Baker, 1991. J. A Thompson. The Bible and Archaeology. Grand Rapids, Eerdmans, 1975. Edwin Yamauchi. The stones and the Scriptures. New York, J. B. Lippencott, 1972.
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