quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dom Bosco e a Bíblia

Num capitulo da Constituição dogmática sobre a Revelação Divina, promulgada pelo Concílio Vaticano II, que trata da “Sagrada Escritura na vida da Igreja”, todos os cristãos são vivamente convidados à leitura freqüente do Livro Sagrado. Nos tempos de Dom Bosco, no Piemonte, na catequese paroquial e escolar, a leitura pessoal da Bíblia não era ainda suficientemente praticada. Mais que recorrer diretamente à Bíblia costumava-se fazer uma catequese com exemplos tirados dos Compêndios de História Sagrada.

É assim que se fazia também em Valdocco. Isto não quer dizer que Dom Bosco não lesse e não meditasse pessoalmente a Bíblia. Seu primeiro biógrafo assegura que, em 10 de fevereiro de 1886, já velho e doente, Dom Bosco, na presença de seus discípulos, costumava recitar, por inteiro, alguns capítulos das Cartas de São Paulo em grego e em latim (cf. MB 1, 394-395).

Das citadas Memorie Biografiche temos conhecimento que o clérigo João Bosco, durante o verão, em Sussambrino, onde morava com o irmão Giuseppe, costumava subir até a vinha de propriedade de Turco, e ali se dedicava ao estudo que não tivera oportunidade de fazer durante o ano escolar, especialmente ao estudo do Velho e do Novo Testamento, de Calmet, da geografia dos Lugares Santos, e dos princípios da língua hebraica, conquistando um conhecimento suficiente. Ainda em 1884, lembrava-se do estudo de hebraico e foi visto em Roma, com um professor de língua hebraica para explicar certas frases originais dos profetas, fazendo confronto com os textos paralelos de diversos livros da Bíblia. Entretinha-se também numa tradução do Novo Testamento do grego (cf. MB 1, 423).

Dom Bosco, portanto, como autodidata, foi um estudioso atento dos escritos da Bíblia, e deles teve um conhecimento bastante notável. Demonstrou, em tantos outros modos, este seu profundo interesse e estudo da Sagrada Escritura, e interessou-se muito em torná-lo conhecido aos seus filhos de Valdocco. Basta pensar na sua edição História Sagrada, impressa, pela primeira vez, em 1847, e depois reimpressa em 14 edições e dezenas e mais dezenas de re-impressões, até 1964.

Tantos outros escritos seus relativos à história bíblica, como Maniera facile per imparare la Storia Sacra, publicada pela primeira vez em 1850; a Vita di San Pietro, publicada em janeiro de 1857, como um volume das Leituras Católicas; a Vita di San Paolo, publicada em janeiro do mesmo ano, como mais um volume das Leituras Católicas; a Vita di San Giuseppe¸ publicada no fascículo das Leituras Católicas de março de 1867 etc. Dom Bosco mantinha como marcas do seu breviário, frases da Sagrada Escritura, como a seguinte: “ O Senhor bom consola nas tribulações” (Na 1, 7) (cf MB 2, 524).

Mandou pintar nas paredes do pórtico de Valdocco frases da Sagrada Escritura como esta: Mt 7,8: “Todo aquele que pedir receberá, aquele que procura acha; e a quem bate será aberto” cf MB 5, 543. Desde 1853, quis que seus estudantes de filosofia e de teologia estudassem, toda semana, dez versículos do Novo Testamento, e o recitassem literalmente, mas manhãs de quinta-feira.

Na inauguração do curso, todos os clérigos tinham nas mãos o volume da Bíblia Vulgata latina, aberto nas primeiras linhas do Evangelho de São Mateus. Mas Dom Bosco, rezada a oração, começou falar, em latim o versículo 18 do capitulo 16 de Mateus: “E eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (cf MB 6, 205). Desejava mesmo que seus filhos guardassem sempre na mente e no coração esta verdade evangélica.

Natale Cerrato

Tradução do Pe. Arthur Roscoe Daniel, Inspetoria São João Bosco, MG.
Divulgação: Sistema Salesiano de Animação da Família Salesiana (SSAF), Inspetoria São João Bosco, MG

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