Nos desertos do Egito e da Síria, nos
século III e IV, o mundo viu desenvolver um novo estilo de vida cristã e
caminho de santidade: a vida monástica. Homens e mulheres deixam o convívio
familiar e comunitário para viverem sozinhos com Cristo e imitá-lo
perfeitamente. Santo Antão praticou a vida ascética por quase vinte anos, não
saindo nunca e sendo raramente visto por outros. Não demora muito e homens e
mulheres o procuram como pai espiritual para guiá-los.
Eis
o que nos diz Santo Atanásio em sua obra “Vida de Santo Antão”:
“Por ele o Senhor curou muitos dos presentes que tinham enfermidades
corporais, e a outros libertou de espíritos impuros. Concedeu também a Antão o
encanto no falar; e assim confortou a muitos em suas penas e reconciliou a
outros que brigavam. Exortou a todos a nada preferir neste mundo ao amor de
Cristo. E quando em seu discurso exortou-os a pensar nos bens futuros e na
bondade demonstrada a nós por Deus, "que não poupou seu próprio Filho mas
o entregou por todos nós" (Rm 8,32), induziu muitos a abraçar a vida
monástica. E assim apareceram celas monásticas na montanha, e o deserto se
povoou de monges que abandonavam os seus e se inscreviam como cidadãos do céu
(cf Hb 3,20; 12,23). (...) Por meio de constantes conferências inflamava o
ardor dos que já eram monges e incitava muitos outros ao amor à vida ascética;
e logo, na medida em que sua mensagem arrastava homens após ele, o número de
celas monásticas multiplicava-se, e era para todos como pai e guia”.
Como pai espiritual
desses novos monges, que depois seriam também pais e mães do deserto, Antão
ensinava o caminho da virtude através da renúncia que fizeram em deixar tudo.
Ele ensinava que o que abandonaram não é nada comparável ao que receberiam no
Céu. Além disso, instruía sobre as verdadeiras coisas que deveriam possuir para
prosseguir nesta jornada:
“Do que nos serve possuir o que não podemos levar conosco? Por que não
possuir antes aquelas coisas que podemos levar conosco: prudência, justiça,
temperança, fortaleza, entendimento, caridade, amor aos pobres, fé em Cristo,
humildade, hospitalidade? Uma vez possuindo-as, veremos que elas vão diante de
nós, preparando-nos as boas-vindas na terra dos mansos”. (Santo Antão)
Hoje, também somos chamados a testemunhar nossa fé
como cristãos. Ser sal da terra e luz do mundo é se expor, se comprometer com o
evangelho, amadurecer na fé e se tornar referência para aqueles que começam a
caminhar com Deus. Santo Antão passou por todo esse itinerário desde seu sim
até ser pai espiritual de outros monges. Que a seu exemplo, não tenhamos medo
de encontrarmos nosso caminho de santificação, lutando, sendo tentado, caindo,
levantando, amadurecendo... só assim seremos verdadeiras testemunhas do
Ressuscitado, anunciando com a nossa vida as maravilhas do infinito amor de
Deus por nós.
Daniel Neri Brandão, sdb
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