terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

1° Congresso Eucarístico da Cidade da Vitória de Santo Antão


“Na última ceia, na noite em que foi entregue, nosso Salvador instituiu o Sacrifício Eucarístico de seu Corpo e Sangue. Por ele, perpetua pelos séculos, até que volte, o sacrifício da cruz, confiando assim à Igreja, sua dileta esposa, o memorial de sua morte e ressurreição: sacramento da piedade, sinal da unidade, vinculo da caridade, banquete pascal em que Cristo é recebido como alimento, o espírito é cumulado de graça e nos é dado o penhor da glória futura.” (SC 47)

Do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está colocada no centro da vida eclesial. Isto é visível desde as primeiras imagens da Igreja que nos dão os Atos dos Apóstolos: “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão, e às orações” (At 2, 42).

O Concílio Vaticano II justamente afirmou que o sacrifício eucarístico é “fonte e centro de toda a vida cristã” (LG 11). Com efeito, “na santíssima Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo” (PO 5). Por isso, o olhar da Igreja volta-se continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do Altar, onde descobre a plena manifestação do seu imenso amor.

Que mais poderia Jesus ter feito por nós? Verdadeiramente, na Eucaristia demonstra-nos um amor levado até o “extremo”, um amor sem medida.

Este aspecto da caridade universal do sacramento eucarístico está fundado nas próprias palavras do Salvador. Ao instituí-lo, não se limitou a dizer “isto é meu corpo”, “isto é meu sangue”, mas acrescenta: “entregue por vós [...] derramado por vós” (Lc 22, 19-20). Não se limitou a afirmar que o que lhes dava a comer e beber era o seu corpo e sangue, mas exprimiu também o seu valor sacrificial, tornando sacramentalmente presente o seu sacrifício, que algumas horas depois realizaria na cruz pela salvação de todos.

“A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial do sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor” (CIC 1382). Diante deste mistério de amor, a razão humana experimenta toda a sua limitação.

“Jesus nos espera neste sacramento de amor. Não economizemos nosso tempo para encontrá-lo na adoração e na contemplação cheia de fé” (João Paulo II, Quinta-feira Santa 1980). O culto prestado à Eucaristia fora da Missa é de um valor inestimável na vida da Igreja, e está ligado intimamente com a celebração do sacrifício eucarístico. A presença de Cristo nas hóstias consagradas que se conservam após a missa, resulta da celebração da Eucaristia e destina-se à comunhão, sacramental e espiritual. “A devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos sacramentos, a primeira de todas as devoções, a mais agradável a Deus e a mais útil para nós” (Santo Afonso Maria de Ligório)

A Eucaristia é um tesouro inestimável: não só a sua celebração, mas também o permanecer diante dela fora da missa permite-nos beber da própria fonte da graça. Uma comunidade cristã que queira contemplar melhor o rosto de Cristo, não pode deixar de desenvolver também este aspecto do culto eucarístico, no qual perduram e se multiplicam os frutos da comunhão do corpo e sangue do Senhor.

Diante da grandeza deste mistério, percebemos em nossas comunidades um profundo descaso para com a Eucaristia. Cada vez mais encontramos pessoas que sem nenhum esclarecimento comungam do Corpo e Sangue de Cristo achando que nada mais é que um símbolo. A preferência por determinadas liturgias, ou celebrantes também tiram do foco a Eucaristia, que passa a ter menos importância.

Em nossas paróquias, nos momentos de adoração, cada vez encontramos menos pessoas, e as Missas de “Cura e Libertação” parecem ter mais importância pelo nome que lhe é atribuído.

Nossas crianças, nas catequeses, aprendem toda a teoria sobre os mandamentos e sacramentos da Igreja, mas conhecem a Deus apenas superficialmente. Nossos crismandos, cada vez menos assumem a missão que a Crisma lhes traz, de ser missionários, de assumir um compromisso com a Igreja e com Cristo, e logo depois de receberem o sacramento, desaparecem da Igreja. Nossos jovens perderam os objetivos, muitos desviaram-se do caminho, outros acham que podem viver a sua espiritualidade independente de Igreja, ainda outros acreditam que apenas determinado movimento, grupo ou pastoral é suficiente para sua salvação, desprezando, muitas vezes, a celebração eucarística.

Aos poucos a Eucaristia foi se tornando uma rotina para aquelas pessoas que sempre vão às Missas. “Se eu não comungar as pessoas vão falar de mim”. E sem nenhum preparo, nos aproximamos da mesa do banquete.

Em nossa cidade, participamos apenas das celebrações e eventos de nossa paróquia, construindo como que muros, separando mais que territorialmente as nossas comunidades, fazendo-nos esquecer que a Eucaristia é o sacramento da unidade.

Pensando em todos os desafios que nossa Igreja enfrenta nos dias atuais, reunimos nossas Paróquias em torno deste grandioso tesouro, a fim de celebrarmos o 1º Congresso Eucarístico da Vitória de Santo Antão, que será uma grande manifestação pública de fé e amor a Jesus Sacramentado e forte momento de evangelização, onde renderemos louvores, adorações e agradecimentos por seu amor, e juntos buscaremos soluções para nossos problemas seguindo o que São Paulo nos sugere: “Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos” (Fl 2, 2b).

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