quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Entendendo a Teologia da Libertação

A Teologia da Libertação surgiu, mais especificamente, na América Latina, na década de 60, e ganhou adeptos principalmente nas Comunidades Eclesiais de Base. A partir dos anos 80 pudemos sentir mais de perto a sua ação. Nasceu da influência de três frentes de pensamento: o Evangelho Social das igrejas norte-americanas; a Teologia da Esperança, do teólogo reformado Jürgen Moltmann; e a Teologia Política que tinha como seus grandes expoentes o teólogo católico Johann Baptist Metz, na Europa, e o teólogo batista Harvey Cox, nos EUA. Depois disso, nós temos o Teólogo Brasileiro Leonardo Boff em 1972, como Ruben Alves estava exilado, ele se tornou um grande ícone da Teologia da Libertação no Brasil.

Foi então que o Cardeal Ratzinguer, escreveu um importante artigo intitulado “Eu vos explico a teologia da libertação” (Revista PR,n. 276, set-out, 1984, pp354-365), onde deixou claro todo o seu perigo.

Entre as afirmações, o então Cardeal Prefeito diz:

"A gravidade da teologia da libertação não é avaliada de modo suficiente; não entra em nenhum esquema de heresia até hoje existente; é a subversão radical do Cristianismo, que torna urgente o problema do que se possa e se deva fazer frente a ela".

"A teologia da libertação é uma nova versão do Cristianismo, segundo o racionalismo do teólogo protestante Rudolf Bultmann, e do marxismo, usando "a seu modo", uma linguagem teológica e até dogmática, pertencente ao patrimônio da igreja, revestindo-se até de uma certa mística, para disfarçar os seus erros”.

"Com a análise do fenômeno da teologia da libertação torna-se manifesto um perigo fundamental para a fé da Igreja. Sem dúvida, é preciso ter presente que um erro não pode existir se não contém um núcleo de verdade. De fato, um erro é tanto mais perigoso quanto maior for a proporção do núcleo de verdade assumida".

Vamos conhecer as declarações dos Teólogos da Libertação e procurar a origem da TL:

"O que propomos não é Teologia dentro do marxismo, mas marxismo (materialismo histórico) dentro da Teologia". (Leonardo Boff , num artigo. no Jornal do Brasil, em 6 de Abril de 1980)

“Para a Teologia da Libertação a sociedade "socialista" que ela procura instaurar é sinônimo de "Reino de Deus": "Se assim é, eu afirmo que hoje, para nós, o Reino de Deus é concretamente o socialismo" (L. Boff e Cl. Boff. Da Libertação, p. 96)

Meu socialismo nutre-se mais da comunidade primitiva dos cristãos, descrita nos Atos dos Apóstolos, que na teoria do valor". (Alívio, Angústia e Esperança - Frei Betto)

Irei enumerar alguns pontos relevantes onde a Teologia da Libertação é contraria a Fé Católica.

1- A TL coloca um “Cristo Histórico” e um “Cristo da Fé” diferente da própria concepção da Teologia Católica. Para a TL o "Cristo Histórico"é classificado como um "revolucionário político", um Cristo mais terreno do que Divino.

“No presente documento tratar-se-á somente das produções daquela corrente de pensamento que, sob o nome de "teologia da libertação", propõem uma interpretação inovadora do conteúdo da fé e da existência cristã, interpretação que se afasta gravemente da fé da Igreja, mais ainda, constitui uma negação prática desta fé.”(Libertatis Nuntius, VI, 9 - Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé).

Outrossim, vale relembrar:

“Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela; [...]” (Código de Direito Canônico, Cân. 751).

2- Compreensão meramente simbólica dos milagres ligados a Cristo (multiplicação dos pães, eucaristia, ressurreição etc.).

Sem atribuir aos milagres de Cristo um fato histórico e verídico, não temos como estar de acordo com a Fé Católica, sendo assim, os protestantes estariam certos ao afirmarem que não comungamos da Eucaristia.

3- Mistura conceitos Marxistas com a doutrina Cristã da Igreja.

" Marx mostrou com exatidão como realizar a derrubada das estruturas. "Mas não nos disse como as coisas deveriam proceder depois. Ele supunha simplesmente que, com a expropriação da classe dominante, a queda do poder político e a socialização dos meios de produção, ter-se-ia realizado a Nova Jerusalém ." Marx "esqueceu que o homem permanece sempre homem. Esqueceu o homem e sua liberdade. Esqueceu que a liberdade permanece sempre liberdade, inclusive para o mal . (...) O seu verdadeiro erro é o materialismo: de fato, o homem não é só o produto de condições econômicas nem se pode curá-lo apenas do exterior. (...) Não é a ciência que redime o homem. O homem é redimido pelo amor ". (Encíclica Spe Salvi - Bento XVI)

4- Dimensão horizontal da fé católica (=relação com o próximo),deixando para segundo plano a dimensão vertical (= relação Deus e o homem).

Dessa forma, a religião se torna não um ambiente de adoração a Deus, mas um lugar para a satisfação materialista e terrena da humanidade. Recentemente, o Teólogo da Libertação Clóvis Boff escreveu sobre os erros da própria TL ao site Adital. Onde ele afirma que “a Teologia da Libertação colocou os pobres no lugar de Cristo”.

5 - Relativismo, indiferentismo e contestação da Fé da Igreja como algo essencial ao homem.

Não há libertação do homem sem este aderir incondicionalmente a Fé em Cristo, e não há como ter fé em Cristo plenamente sem ter fé na sua Igreja.

Os adeptos da teologia da libertação têm a enganosa mania de pensar que quem não aceita esta teologia não trabalha pelos pobres e oprimidos e não se preocupa com eles; se acham os únicos defensores dos excluídos; é um grande erro. A Igreja em seus 2000 anos de vida sempre socorreu os desvalidos e ainda o faz, mas nunca precisou lançar mão de ideologias estranhas para isso; sempre agiu pelo puro amor a Jesus Cristo que sofre no doente, no preso, no faminto, etc. A Igreja não precisa que novos teólogos a ensinem a fazer caridade; ela a faz desde os Apóstolos, ela é “perita em humanidade”, como disse Paulo VI.

Hoje 25% das instituições que tratam dos aidéticos são da Igreja; em toda a História da Igreja os santos e santas viveram a verdadeira caridade; só para citar alguns: Santa Isabel da Hungria, S. Vicente de Paulo, S. Francisco de Assis, S. Camilo de Lelis, S. João Bosco, Madre Teresa de Calcutá, Irmã. Dulce, e milhares de outros que nunca precisaram reinterpretar o Evangelho e politizar a fé com métodos marxistas de luta de classes, invasão de propriedades alheias fora da lei, etc., para promover os pobres. São os verdadeiros bons samaritanos do Evangelho.

Para encerrar, cito esta famosa frase do gigante teólogo brasileiro D. Estevão Soares Bittencurt:

"O cristão não pode ser de forma alguma, insensível à miséria dos povos do Terceiro Mundo. Todavia para acudir cristãmente a tal situação, não lhe é necessário adotar um sistema de pensamento que é anticristão como a Teologia da Libertação; existe a doutrina social da Igreja, desenvolvida pelos Papas desde Leão XIII até João Paulo II de maneira cada vez mais incisiva e penetrante. Se fosse posta em prática, eliminaria graves males de que sofrem os homens, sem disseminar o ódio e a luta de classes".

Fontes:

· Teologia da Libertação – Por que é condenada? – artigo publicado no blog Apostolado Shemá por Nilson Pereira dos Santos Júnior

(http://www.apostoladoshema.com/2009/07/teologia-da-libertacao-por-que-e.html)

· O que é a teologia da libertação? – Professor Felipe Aquino

(http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=PERGUNTA_RESPOSTA&id=prs0015)

Um comentário:

  1. A Teologia da Libertação afirma que o homem deve libertar-se de qualquer autoridade, inclusive de Deus.
    A libertação visada é de toda autoridade, o que significa o desejo de instaurar uma verdadeira anarquia. Por isso, a TL é contra o Papa, contra o sacerdócio hierárquico.
    A Teologia da Libertação foi uma tentativa política de justificar a aproximação da Igreja ao comunismo, enquanto os partidos que ela suscitou foram braços políticos dessa "Teologia" marxista.

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