segunda-feira, 27 de junho de 2011

Verbum Domini - Resenha

RESENHA

Exortação Apostólica Pós-Sinodal 
VERBUM DOMINI

Sobre a Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja
Papa Bento XVI
Por Daniel Neri Brandão

Entre os dias 5 e 26 de outubro de 2008, aconteceu no Vaticano a XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema: “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, tendo como prioridade “reabrir ao home atual o acesso a Deus, a Deus que fala e nos comunica o seu amor para que tenhamos vida em abundância”. (Verbum Domini §2) O objetivo central da Assembleia voltou-se a “redescoberta na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial”. (Ibid. §1)
O guia de toda a reflexão parte do prólogo do Evangelho de São João (Jo 1, 1-8), que nos dá a conhecer o fundamento da nossa vida: o Verbo, que desde o princípio está junto de Deus, fez-Se carne e veio habitar entre nós.
Diz o papa a respeito do Sínodo, no sentido de influir de maneira eficaz na vida da Igreja o aprofundamento no estudo da Palavra, uma vez que nosso fundamento de nossa fé é o próprio Verbo: “Sobre a relação pessoal com as Sagradas Escrituras, sobre a sua interpretação na liturgia e na catequese bem como na investigação científica, para que a Bíblia não permaneça uma Palavra do passado, mas uma Palavra viva e atual”.


I Parte: Verbum Dei

“No princípio já existia o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus [...] e o Verbo fez-Se carne” (Jo 1, 1.14)

            A novidade da revelação bíblica consiste no fato de Deus se dar a conhecer no diálogo, que deseja ter conosco. Deus dá-Se-nos a conhecer como mistério de amor infinito, no qual, desde toda a eternidade, o Pai exprime a sua Palavra no Espírito Santo. Por isso o Verbo, que desde o princípio está junto de Deus e é Deus, revela-nos o próprio Deus no diálogo de amor entre as Pessoas divinas e convida-nos a participar nele.
            Em uso analógico da linguagem humana na referência à Palavra de Deus, ela diz respeito à comunicação que Deus faz de si mesmo, mas também a Jesus Cristo, Filho unigênito, Verbo eterno do Pai. A própria criação, a história da salvação, a Palavra anunciada pelos apóstolos em obediência ao mandato de Jesus, tudo isso é Palavra de Deus. A Palavra é transmitida na tradição viva da Igreja. Enfim, é Palavra de Deus, atestada e divinamente inspirada a Sagrada Escritura.
            “A fé cristã não é uma religião do livro: o Cristianismo é a religião da Palavra de Deus, não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo”. (Ibid. §7)
            “Por conseguinte a Sagrada Escritura deve ser proclamada, escutada, lida, acolhida e vivida como Palavra de Deus, no sulco da Tradição Apostólica de que é inseparável”. (Ibid. §7) “É a Tradição viva da Igreja que nos faz compreender adequadamente a Sagrada Escritura como Palavra de Deus”. (Ibid. §17)
            Um conceito chave para receber o texto sagrado como Palavra de Deus em palavras humanas é, sem dúvida, o de inspiração. “A Sagrada Escritura é Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito de Deus Deste modo se reconhece toda a importância do autor humano que escreve os textos inspirados, e, ao mesmo tempo, do próprio Deus como verdadeiro autor”. (Ibid. §19)
“É decisivo, do ponto de vista pastoral, apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o homem deve enfrentar na vida diária”... “A pastoral da Igreja deve ilustrar claramente como Deus ouve a necessidade do homem e o seu apelo”. (Ibid. §23)
            “... A palavra que o homem dirige a Deus torna-se também Palavra de Deus, como confirmação do caráter dialógico de toda a revelação cristã. E a existência inteira do homem torna-se um diálogo com Deus que fala e escuta, que chama e dinamiza a nossa vida”. (Ibid. §24)
Deus nos inspira por meio de seu Espírito, e a Sagrada Escritura contém a Palavra de Deus que nos direciona a vivermos uma vida segundo a vontade do Pai. A Escritura não vai contra os anseios do homem, mas o ilumina, o purifica em suas realizações, levando-nos assim a compreender que a fé está intimamente ligada a Palavra.
O pecado que habita o coração humano é revelado pela Palavra de Deus, que nos torna conscientes que o pecado consiste em “não-escutar”, em desobedecer a Deus. Em Cristo que é a própria Palavra, encontramos misericórdia e redenção para o nosso pecado, através da escuta de Sua Palavra. Maria é o símbolo de abertura a Deus, nela a Palavra tomou forma, encarnou-se.
“As palavras divinas crescem juntamente com quem as lê. Assim, a escuta de Deus introduz e incrementa a comunhão eclesial com todos os que caminham na fé” (Ibid. §30). “No estudo da Sagrada Escritura, somente quando se observa os dois níveis metodológicos, histórico-crítico e teológico, é que se pode falar de uma exegese teológica, de uma exegese adequada a este livro”. (Ibid. §34)
São Paulo descobre que “o Espírito libertador tem um nome e que a liberdade tem, consequentemente, uma medida interior”. “O Senhor é Espírito, e onde está o Espírito do Senhor há liberdade” (2 Cor 3,17) (Verbum Domini §38), criando assim um elo entre o Antigo e o Novo Testamento. O Antigo e o Novo testamento estão intimamente ligados, ambos fazem referência à manifestação de Deus na história, de modo objetivo à pessoa de Jesus de Nazaré.
A Sagrada Escritura não pode ser interpretada de uma maneira fundamentalista, mas precisa ser levado em consideração o valor do conteúdo histórico, para que nos aproximemos dessa verdade que é o próprio Deus. Ao longo da história bíblica os profetas se levantaram para exortar os homens e a reconduzi-los ao caminho de Deus.
A interpretação da Sagrada Escritura nos leva a uma vida de unidade, tal como o desejo de Jesus “Pai que todos sejam um” (Jo 17,21). Não podemos desprezar também o testemunho dos santos, que vivendo a Palavra deram exemplo com a própria vida e estes se tornaram referência para que interpretemos bem o que nos propõe as Escrituras.




II Parte: Verbum in Ecclesia
“A todos os que O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 12)

“A todos os que O receberam, [...] deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 12). Receber o Verbo significa deixar-se plasmar por Ele, para se tornar, pelo poder do Espírito Santo, conforme a Cristo, ao “Filho Único que vem do Pai” (Jo 1, 14). (cf. Verbum Domini §50)
Santo Agostinho, comentando o prólogo do Evangelho de São João, afirma de modo sugestivo: “Por meio do Verbo foste feito, mas é necessário que por meio do Verbo sejas refeito”. Vemos aqui, esboçar-se o rosto da Igreja como realidade que se define pelo acolhimento do Verbo de Deus, que encarnando, colocou ‘a sua tenda entre nós’ (cf. Jo 1, 14). (Verbum Domini §50)
A relação entre Cristo, Palavra do Pai, e a Igreja não pode ser compreendida em termos de um acontecimento simplesmente passado, mas trata-se de uma relação vital na qual cada fiel, pessoalmente, é chamado a entrar. Como afirmou o Papa João Paulo II, “a contemporaneidade de Cristo com o homem de cada época realiza-se no seu corpo, que é a Igreja. Por esta razão, o Senhor prometeu aos seus discípulos o Espírito Santo, que lhes haveria de ‘lembrar’ e fazer compreender os seus mandamentos (cf. Jo 14, 26) e seria o princípio frontal de uma nova vida no mundo (cf. Jo 3, 5-8; Rm 8, 1-13)”.
A Igreja é anunciante desta Palavra, de maneira particular na liturgia, onde no Centro está o grande Mistério Pascal, n’Ele estão intimamente ligados todos os mistérios de Cristo. Assim, “Palavra e Sacramento estão sempre juntos, pois não há separação entre o que Deus diz e faz”. (cf. Verbum Domini §53)
Neste sentido, a Palavra anunciada nas celebrações precisa ser ouvida e meditada, as homilias e pregações devem trazer como centro o próprio Cristo, que primeiramente ouvimos através da Palavra, em seguida trazemos para o nosso interior e por último somos convidados a vivenciar a Palavra na comunidade de maneira concreta. Desta forma, que na vida do cristão, Palavra e testemunho caminhem de mãos dadas. (cf. Ibid § 59)
Valorizar a Celebração da Palavra, que é momento e lugar de encontro com o Senhor, sem é claro, confundirmos com a Celebração Eucarística, é sem dúvida uma maneira de aproximarmos a Palavra, do povo de Deus. Prezar pelo silêncio e adoração, é também uma forma que Deus fala ao seu povo. A Liturgia das Horas também fortifica a vida de oração. É necessário valorizarmos mais a Palavra, reservando um lugar de destaque para a Bíblia em nossas Igrejas e comunidades (sem retirarmos o foco do sacrário). Que em nossas casas tenhamos a Bíblia em um lugar de destaque, para que possamos rezar diariamente. “Os Padres sinodais exortaram todos os Pastores a difundir nas comunidades a eles confiadas, os momentos de celebração da Palavra. [...] Tal prática não pode deixar de trazer grande proveito aos fiéis, e deve considerar-se um elemento importante da pastoral litúrgica”. (cf. Ibid §59 e §65)
 "Para favorecer a escuta da Palavra de Deus, não se devem menosprezar os meios que possam ajudar os fiéis a prestar maior atenção. Neste sentido, é necessário que, nos edifícios sagrados, nunca se descuide a acústica, no respeito das normas litúrgicas e arquitetônicas." (Ibid §68)
"No âmbito da valorização da Palavra de Deus durante a celebração litúrgica, tenha-se presente também o canto nos momentos previstos pelo próprio rito, favorecendo o canto de clara inspiração bíblica capaz de exprimir a beleza da Palavra divina por meio de um harmonioso acordo entre as palavras e a música. Neste sentido, é bom valorizar aqueles cânticos que a tradição da Igreja nos legou e que respeitam este critério; penso particularmente na importância do canto gregoriano." (Ibid §70)
Precisamos nos aprofundar em nosso relacionamento com a pessoa de Jesus, para isso somos convidados a criar em nossas comunidades um tipo de “serviço de animação bíblica” em que conheçamos e estudemos a fundo as Escrituras. A catequese é um lugar privilegiado para o aprendizado da Palavra, ao lado da tradição que nos ajuda na compreensão da vontade de Deus. (cf. Verbum Domini §74) O aprofundamento nesta Palavra nos remete a busca pela santidade, pois a Palavra nos forma. Assim, os bispos, sacerdotes e ministros da Palavra são convidados por meio do testemunho a buscarem uma vida de intimidade com a Palavra. O estudo bíblico e a oração para com a Escritura devem estar intimamente ligados. Tal procedência nos remete a buscarmos o sentido para nossa existência “indica ao mundo de hoje que é mais importante e, no final de contas, a única coisa decisiva, existe uma razão última pelo qual vale a pena viver, isto é, Deus e seu amor imperscrutável”. (Ibid §83).
O Evangelho precisa ser difundido no mundo, e para isso a Igreja conta com a ajuda dos leigos, através deles, por meio do matrimônio, no testemunho cristão aos filhos, essa Boa Nova vai sendo transmitida. A mulher nesse cenário ocupa um lugar privilegiado, pois esta traz em si a ternura, tão importante no anúncio da Palavra. Dessa forma, “é muito importante a leitura comunitária, porque o sujeito vivo da Sagrada Escritura é o Povo de Deus, é a Igreja […] A Escritura não pertence ao passado, porque o seu sujeito, o Povo de Deus inspirado pelo próprio Deus, é sempre o mesmo, e portanto, a Palavra está sempre viva no sujeito vivo”. (Ibid §86)
A Lectio Divina é também um caminho para o encontro com o Cristo, que consiste na leitura da Palavra (o que diz o texto em si), a meditação (o que nos diz o texto), a oração (nossa resposta ao Senhor à Sua Palavra) e a contemplação (mudança que Deus nos pede para vida). A oração do Angelus Domini (No amanhecer, ao meio dia e ao entardecer) também é uma forma de rememorarmo-nos a encarnação do Verbo. (cf Verbum Domini §87 e §88)
"Os Padres sinodais lembraram a expressão feliz dada à Terra Santa: 'o quinto Evangelho'. Como é importante a existência de comunidades cristãs naqueles lugares, apesar das inúmeras dificuldades! O Sínodo dos Bispos exprime profunda solidariedade a todos os cristãos que vivem na Terra de Jesus, dando testemunho da fé no Ressuscitado." (Ibid §89)


III Parte: Verbum Mundo

“Ninguém jamais viu a Deus: o Filho único, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer” (Jo 1, 18)

“O Verbo de Deus comunicou-nos a vida divina que transfigura a face da terra, fazendo novas todas as coisas (cf. Ap 21,5). A Sua Palavra envolve-nos não só como destinatário da revelação divina, mas também como seus arautos”. Nas Palavras de Bento XVI: “Ele é aquele Deus que possui um rosto humano e que nos 'amou até o fim' (Jo 13,1)”. Por isso, a Igreja é missionária, pois a Palavra deve ser anunciada para toda humanidade. (cf. Verbum Domini §91)
            "Há muitos irmãos que são 'batizados, mas não suficientemente evangelizados'. É frequente ver nações, outrora ricas de fé e de vocações, que vão perdendo a própria identidade, sob a influência de uma cultura secularizada. A exigência de uma nova evangelização, tão sentida pelo meu venerado Predecessor, deve-se reafirmar sem medo, na certeza da eficácia da Palavra divina." (Ibid §96) "A Palavra de Deus alcança os homens através do encontro com testemunhas que a tornam presente e viva." (Ibid §97)
Para uma boa eficácia de uma nova evangelização é preciso o anúncio e também o testemunho como ressaltara o papa João Paulo II. “A própria Palavra nos recorda a necessidade do nosso compromisso no mundo e a nossa responsabilidade diante de Cristo, Senhor da história. Quando anunciamos o Evangelho, exortamo-nos reciprocamente a cumprir o bem e a empenharmo-nos pela justiça, pela reconciliação e pela paz”. (cf. Ibid §99)
"A Palavra de Deus impele o homem para relações animadas pela retidão e pela justiça, confirma o valor precioso aos olhos de Deus de todas as fadigas do homem para tornar o mundo mais justo e mais habitável." [...] “A evangelização e a difusão da Palavra de Deus devem inspirar a sua ação no mundo à procura do verdadeiro bem de todos, no respeito e promoção da dignidade de toda a pessoa”. (Ibid §100) "Quero chamar a atenção geral para a importância de defender e promover os direitos humanos de toda a pessoa (...). A difusão da Palavra de Deus não pode deixar de reforçar a consolidação e o respeito dos direitos humanos de cada pessoa." (Ibid §101)
 "No contexto atual, é grande a necessidade de descobrir a Palavra de Deus como fonte de reconciliação e de paz, porque nela Deus reconcilia em Si todas as coisas (cf. 2 Cor 5, 18-20; Ef 1, 10): Cristo 'é a nossa paz' (Ef 2, 14), Aquele que derruba os muros de divisão." (Ibid §102)
“Escutando com ânimo disponível a Palavra de Deus na Igreja, desperta-se “a caridade e a justiça para com todos sobretudo para os pobres”. É preciso nunca esquecer que “o amor – caritas – será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa […]. Quem quer desfazer-se do amor prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem”. (Ibid §103)
O amor a Deus e ao próximo traduzem de maneira concreta o compreendimento da Escritura. Cristo é o melhor arquétipo para formação da juventude, para o ser humano, a nos fazer deparar com o que há de mais excelso em nossa condição humana. Deus se dá todo a nós. (cf Ibid §104)
O anúncio da Palavra deve chegar àqueles que sofrem de enfermidade física, psíquico e espiritual. “A vida humana digna de ser vivida plenamente, mesmo quando está debilitada pelo mal” (Ibid §106). A exploração da natureza é uma outra questão levantada, uma arrogância a não obediência da Palavra criadora, pois a obediência promove uma ecologia autêntica. (cf. Ibid §108)
Dessa forma, para que a Palavra produza seu efeito em nossa vida e no mundo, torna-se de suma importância que “cada cultura deve estar aberta à transcendência, em última análise, a Deus” (Ibid §109). A Bíblia possui uma variedade de elementos antropológicos e filosóficos que contribuíram com a humanidade. Nesta contribuição está também a Arte (arquitetura, literatura e música). Utilizar dos meios de comunicação para o anúncio dessa Palavra é também um passo importante em nosso tempo.
 "No mundo da internet, que permite que bilhões de imagens apareçam sobre milhões de monitores em todo o mundo, deverá sobressair o rosto de Cristo e ouvir-se a sua voz, porque, 'se não há espaço para Cristo, não há espaço para o homem'." (Ibid §113)
A inculturação se torna um meio positivo na divulgação da Palavra de Deus, pois através da tradução da Bíblia em outras línguas, esta colabora de forma significativa para todas as culturas, através dos valores contidos no Evangelho. (cf. Ibid §114)
Portanto, a Palavra de Deus é capaz de se manifestar nas diversas culturas e línguas distintas, gerando união e comunhão entre os povos. “A Igreja reconheceu como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a colaboração com todos os homens de boa vontade”. (Ibid §117) “O respeito e o diálogo exigem a reciprocidade em todos os campos, sobretudo no que diz respeito às liberdades fundamentais e, de modo muito particular, à liberdade religiosa. Tal respeito e diálogo favorecem a paz e a harmonia entre os povos” (Ibid §120)
Conclusão

“Nunca devemos esquecer que, na base de toda a espiritualidade cristã autêntica e viva, está a Palavra de Deus anunciada, acolhida, celebrada e meditada na Igreja. A intensificação do relacionamento com a Palavra divina acontecerá com tanto maior decisão quanto mais cientes estivermos de nos encontrar, quer na Escritura quer na Tradição viva da Igreja, em presença da Palavra definitiva de Deus sobre o universo e a história”. (Verbum Domini §121)
Por isso, o nosso deve ser cada vez mais o tempo de uma nova escuta da Palavra de Deus e de uma nova evangelização. É que descobrir a centralidade da Palavra de Deus na vida cristã faz-nos encontrar o sentido mais profundo daquilo que João Paulo II incansavelmente lembrou: continuar a missio ad gentes e empreender com todas as forças a nova evangelização, sobretudo naquelas nações onde o Evangelho foi esquecido ou é vítima da indiferença da maioria por causa de um difundido secularismo. O Espírito Santo desperte nos homens fome e sede da Palavra de Deus e os torne zelosos anunciadores e testemunhas do Evangelho”. (Ibid §122)
 “Quanto mais soubermos colocar-nos à disposição da Palavra divina, tanto mais poderemos constatar como o mistério do Pentecostes se está a realizar ainda hoje na Igreja de Deus. O Espírito do Senhor continua a derramar os seus dons sobre a Igreja, para que sejamos guiados para a verdade total, desvendando-nos o sentido das Escrituras e tornando-nos anunciadores credíveis da Palavra de Salvação”. [...] Como disse Bento XVI “o anúncio da Palavra cria Comunhão e gera alegria”.(Ibid § 123) Esta relação íntima entre a Palavra de Deus e a alegria aparece em evidência precisamente na Mãe de Deus.  Maria é feliz porque tem fé, porque acreditou, e, nesta fé, acolheu no seu ventre o Verbo de Deus para O dar ao mundo. (cf Ibid §124)
“Cada um dos nossos dias seja plasmado pelo encontro renovado com Cristo, Verbo do Pai feito carne: Ele está no início e no fim de tudo, e n’Ele todas as coisas subsistem (cf. Cl 1, 17). Façamos silêncio para ouvir a Palavra do Senhor e meditá-la, a fim de que a mesma, através da ação eficaz do Espírito Santo, continue a habitar e a viver em nós e a falar-nos ao longo de todos os dias da nossa vida. Desta forma, a Igreja sempre se renova e rejuvenesce graças à Palavra do Senhor, que permanece eternamente (cf. 1 Pd 1, 25; Is 40, 8). Assim também nós poderemos entrar no esplêndido diálogo nupcial com que se encerra a Sagrada Escritura: “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem’! E, aquele que ouve, diga: ‘Vem’! (…) O que dá testemunho destas coisas diz. ‘Sim, Eu venho em breve’! Amém. Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22, 17.20).

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 30 de Setembro – memória de São Jerônimo – de 2010, sexto ano de Pontificado.


BENEDICTUS PP. XVI

  

BENTO XVI, Exortação Apostólica Pós-sinodal Verbum Domini (30 de Setembro de 2010). 4ª Ed. São Paulo: Paulinas.


3 comentários:

  1. no principio já existia o Verbo, e o Verbo espava em DEUS,e o Verbo era DEUS, e o Verbo fez-se carne (Jo 1,1.14). Não devemos esquecer que a edpiritualidade crist~a está na palavra de DEUS selebrada e meditada na Igreja. Temos que estarmos cientes de nos encontrarmos na Escritura ou na tradição viva na Igreja, em presença da Palavra de DEUS . O eSPÍRITO sANTONOS DESPERTA SEDE E FOME DE deus.

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  2. Sã promovidos 5 cursos que dão priridades aos direitos da criança e adolescentes. Foram prorrogados as inscrições para o 09/06/2011. cursos on-line. um é para a segurança no trânsito 27/06/2011, outro sobre os direito exuais de criança e adolescentes (RJ)28/06/2011, Direitos Socisais 9SP)29/06/201.

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  3. DEUS nos dá total liberdade de ns comunicar com ele, seja em qualquer situaçãoque estivermos, teremos livre aberto,pensamento positivo para comunicarmos com ele, Em todas as maneiras DEUS se comunica com seus filhos, mas nós parece não ter tempo para ouvi-lo. É preciso que aconteça algo em nossas vidas e aí lembrarmos que existe um ser assima de nós prontos para nos ouvi-lo.

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