terça-feira, 2 de julho de 2013

Jesus Cristo: Músico, Salmista e Cantor do Pai

            Jesus nasce num povo que expressa sua fé cantando. Ele cantou com palavras e tons, como qualquer judeu de seu tempo, orando em recitação ritual, com balanço em dois tempos, de acordo com o costume do seu povo. O ofício da sinagoga é cantado, quase em sua totalidade: orações, bênçãos, salmos. A Bíblia não representa outra coisa a não ser o eco soberano do sentimento lírico e musical de todo um povo.
            “Chegada a plenitude dos tempos,” Jesus apareceu como a expressão e o canto de Deus, o canto do novo salmo, o melhor intérprete do seu povo. Ele serve-se de nossa voz, fazendo-se presente na liturgia e em nosso canto. Santo Agostinho escreve: “Quando o leitor sobe ao púlpito, é Cristo quem nos fala. Cristo tampouco permanece silencioso em vocês, quando cantam... não é porventura o próprio Cristo quem canta em sua voz?”.
            Os Salmos, composições líricas, foram feitos para serem cantados, e são o livro de cantos do povo de Israel, parte importante do culto sinagogal. Jesus, como bom judeu, frequenta o templo, participa da liturgia. Cantou com a voz, o coração e a vida os cantos, hinos e salmos...
            “Jesus foi à cidade de Nazaré, onde se havia criado. Conforme seu costume, no sábado entrou na sinagoga, e levantou-se para fazer a leitura”. (Lc 4, 16) Ele cita os salmos, por exemplo, o Sl 133(132)Como é bom e agradável viverem os irmãos unidos!”, os salmos do Hallel (= cantar hinos de alegria e louvor, conjunto dos salmos 114 ao 119), são cantados nas grandes solenidades, como a Páscoa...Depois de terem cantado salmos, ele e seus discípulos foram para o monte das Oliveiras” (Mt 26, 30; Mc 14, 26).
            Desde o nascimento de Jesus, a música já está presente. O anjo anuncia aos pastores “uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor” (Lc 2, 10-11). Com esse anúncio, tem início o mais belo hino de louvor, cantado pelas melhores vozes: “De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos. Cantavam louvores a Deus, dizendo: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados’” (Lc 2, 13-14).
            “Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, subiram para a festa, como de costume”. (Lc 2, 41-42). Os judeus subiam para Jerusalém em caravanas, cantando salmos graduais (sl 120 e 134). “Alegrei-me quando me disseram: ‘Vamos à casa de Javé!’ Nossos passos já se detêm junto às tuas portas, Jerusalém!” (Sl 122 [121]).
            Aqui ainda podemos lembrar ainda os três formosos cânticos evangélicos: o Magnifica (Lc 1, 46-55), o Benedictus (Lc 1, 68-79) e o Nunc dimittis (Lc 2, 29-32).
            Jesus ouviu as aclamações-grito de seus discípulos que, em massa e entusiasmados, puseram-se a louvar a Deus, em alta voz: “Bendito seja aquele que vem como Rei, em nome do Senhor!”, assim como ouviu também as aclamações dos grupos que o acompanhavam gritando: “Hosana ao filho de Davi!”, “Bendito o que vem em nome do Senhor!”, “Viva Deus, soberano!”, Este é o profeta, Jesus, de Nazaré da Galiléia”. (cf Lc 19, 37-38; 21 9-11)
            A tradição viu nos salmos ao mesmo tempo a voz de Cristo rezando ao Pai e a voz da Igreja voltada para o seu Senhor. Santo Agostinho: Os salmos são a voz do Cristo total: a cabeça e o corpo.”.
            “Jesus Cristo, assumindo a natureza humana, trouxe para este exílio terrestre aquele hino que é cantado por todo o sempre nas habitações celestes. Ele associa a Si toda a comunidade dos homens e une-a consigo na celebração deste divino cântico de louvor.” (SC83)


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