terça-feira, 2 de julho de 2013

SOLILÓQUIOS INFANTIS AO PÉ DO TABERNÁCULO - 6. ENTRE VÉUS

                Para a pérola dos mares, meu Jesus, a Providência arquitetou um estojo nacarado, rico. É dentro dele, lá no fundo dos mares, que se guarda a preciosa concreção, que os homens vão pescar, arriscando a vida.
                E o vosso estojo de meras aparências, tão pobre que ele é! – em que se parece, Senhor, com a madrepérola dos mares? Mas como sois amável, Senhor, assim todo envolto em pobres acidentes. Como sois amável, Divina Pérola do Santuário!
                Senhor, para a semente tenra e delicada a árvore tece protetoras túnicas. Esses tecidos tão belos que defendem, escondem a futura árvore, são o encanto dos nossos prados e jardins, a flor que nos deleita. Para Vós, Jesus, tecestes também cândidas túnicas; mas não tem essa corola o aroma, a frescura, a louçania das que desabrocham no campo, na floresta, nos jardins.
                Não há, no entanto, tecido mais belo e encantador que o dos acidentes que vos escondem. Divinos teares os teceram – os teares do amor. Eucaristia, Vós sois a Flor do nosso Altar!
                Como é admirável, Senhor, o casulo de seda que aloja a ninfa do precioso inseto. Que fio tênue e brilhante, que urdidura delicada! Nada mais rico encontram os reis para as suas pompas!...
                E Vós, Senhor, não sois rei dos reis?
                Entretanto outra seda não quisestes que não as qualidades do trigo, outro casulo não soubestes tecer para vos encerrardes que não os pobres acidentes desse pão.

                Eucaristia, Vós sois o Admirável, Vós sois a Divina Crisálida do nosso Tabernáculo.

Dom Antônio de Almeida Lustosa

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