terça-feira, 2 de julho de 2013

SOLILÓQUIOS INFANTIS AO PÉ DO TABERNÁCULO - 5. AMOR EMBALSAMADO

          Os homens, Senhor, aprenderam a tudo conservar. Tudo pode sofrer um como embalsamento. A indústria destrói os germens que desorganizam tecidos, imuniza da corrupção as substâncias, para que seus produtos se transportem através do espaço e do tempo.
             A ideia, a mesma ideia se conserva num emblema, monumento, ou palavra. E o sentimento também não se embalsama? A música não é o sentimento vivo do compositor comunicando-se aos que a ouvem?
                Porém, Senhor, como são imperfeitos esses processos de conservação! E o amor, quem pode embalsamá-lo?
                Ah! Jesus, só Vós soubestes esse segredo... A Eucaristia é o Amor embalsamado.
              Nem o gelo das indiferenças, nem a chama dos rancores, nem a lama das blasfêmias, nem o espezinhar do desdém, nem as trevas do abandono, nem a violência da cobiça – nada, Senhor, pode levar à corrupção, à morte, a SS. Eucaristia.
          Nessa urna feita de acidentes, reside vivo e palpitante o Amor, eternamente jovem, totalmente isento de alteração.

              Oh prodígio! Embalsamaram, Senhor, o vosso corpo sagrado quando o desceram da cruz... mas a vida não animava os vossos membros. Neste embalsamamento do Amor, estais animado, vivo, impassível, glorioso como no céu. Quem pode, Senhor, penetrar esse mistério?

Dom Antônio de Almeida Lustosa

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