Desde os 20 anos de idade, não tinha mais visto nenhuma criatura humana. Resolvera viver a sós com Deus. E agora já estava com 113 anos.
Foi quando o próprio Deus ordenou a Antão, visitar o seu servo fiel, o eremita Paulo. Era o ano 342. Antão, já com mais de 90 anos, obedeceu e saiu à procura da caverna onde vivia o santo eremita. Depois de 3 dias de caminhada e de busca, encontrou uma loba que, fugindo, desapareceu numa caverna. Antão acompanhou aquela loba, certo de que ela o levaria ao lugar procurado. E chegando à entrada da caverna, exclamou: "Vós que admitis a entrada de animais do deserto, não a negareis a um filho dos homens! Andei à vossa procura e vos encontrei! Agora, peço para ser recebido!" E Paulo saiu e os dois se cumprimentaram, chamando-se pelo próprio nome, como se fossem já velhos conhecidos. O Senhor tinha anunciado a Paulo a visita de Antão. Os dois venerandos anciãos se entretinham a respeito das coisas da eternidade e enquanto conversavam, eis que aparece um corvo trazendo no bico um pão, colocando-o diante deles. E Paulo disse a Antão: “Você está vendo? É Deus que manda a nossa comida. Durante 60 anos recebi, cada dia, meio pão, porém com a vossa chegada, Cristo dobrou a ração de seus soldados”. Terminada a refeição, Paulo fez um pedido a Antão. Desejava, após sua morte, ser enterrado, se possível, envolto no manto que Antão tinha recebido do Bispo Atanásio. Antão, apesar de já velho e cansado por causa da viagem, cuidou em satisfazer o desejo de Paulo. Depois de seis dias de caminhada, estava já de volta e encontrou Paulo de joelhos. Ajoelhou-se também ao seu lado, para rezarem juntos, porém, logo descobriu que seu amigo estava morto. Morrera de joelhos, enquanto rezava. E Antão, profundamente pesaroso, tomou o corpo do santo para enterrá-lo. Mas, com que ia cavar a cova? Enquanto pensava, olhando ao redor, viu dois leões, que, com suas garras estavam a cavar uma cova. Antão enterrou o corpo de Paulo e o cobriu com o manto que Atanásio lhe havia dado e Paulo lhe havia pedido.
Terminada a tarefa que Deus lhe confiara, depois de enterrar seu amigo, voltou Antão para o seu recolhimento e ainda teve mais 14 anos de vida.
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