segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Antão e Paulo de Tebas



         Paulo era um piedoso jovem, também de família abastada, como Antão. Ele ti­nha fugido para o deserto no ano 250, antes de Antão nascer. Planejava ocultar-se ali durante a perseguição do Imperador Romano Décio. Porém, as perseguições terminaram e ele, já acostumado no deserto, nun­ca mais voltou ao convívio dos homens.  É provável que tenha sido ele o mais antigo dos eremitas.
Desde os 20 anos de idade, não tinha mais visto nenhuma criatura humana.  Resolvera viver a sós com Deus.  E agora já estava com 113 anos.
Foi quando o próprio Deus ordenou a Antão, visitar o seu servo fiel, o eremita Paulo. Era o ano 342.  Antão, já com mais de 90 anos, obedeceu e saiu à procura da caverna onde vivia o santo eremita.  Depois de 3 dias de caminhada e de busca, en­controu uma loba que, fugindo, desapareceu numa caverna.  Antão acompanhou aquela loba, certo de que ela o levaria ao lu­gar procurado.  E chegando à entrada da caverna, exclamou: "Vós que admitis a entrada de animais do deserto, não a nega­reis a um filho dos homens! Andei à vossa procura e vos en­contrei! Agora, peço para ser recebido!"  E Paulo saiu e os dois se cumprimentaram, chamando-se pelo próprio nome, como se fossem já velhos conhecidos. O Senhor tinha anunciado a Paulo a visita de Antão.  Os dois venerandos anciãos se entretinham a respeito das coisas da eternidade e enquanto conversavam, eis que aparece um corvo trazendo no bico um pão, colocando-o diante deles.  E Paulo disse a Antão: “Você está vendo?  É Deus que manda a nossa comida. Durante 60 anos recebi, cada dia, meio pão, porém com a vossa chegada, Cristo dobrou a ração de seus soldados”.  Terminada a refeição, Paulo fez um pedido a Antão.  Desejava, após sua morte, ser enterrado, se possível, envolto no manto que Antão tinha recebido do Bispo Atanásio. Antão, apesar de já velho e cansado por causa da viagem, cui­dou em satisfazer o desejo de Paulo.  Depois de seis dias de caminhada, estava já de volta e encontrou Paulo de joelhos.  Ajoelhou-se também ao seu lado, para rezarem juntos, porém, logo descobriu que seu amigo estava morto.  Morrera de joelhos, enquanto rezava.  E Antão, profundamente pesaroso, tomou o corpo do santo para enterrá-lo.  Mas, com que ia cavar a cova?  Enquanto pensava, olhando ao redor, viu dois leões, que, com suas garras estavam a cavar uma cova.  Antão enterrou o corpo de Paulo e o cobriu com o manto que Atanásio lhe havia dado e Paulo lhe havia pedido.
Terminada a tarefa que Deus lhe confiara, depois de en­terrar seu amigo, voltou Antão para o seu recolhimento e ainda teve mais 14 anos de vida.

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